segunda-feira, 9 de março de 2009

A outra

Uma das poucas coisas que me lembro da minha sexta série é daquele menino. Nunca fui de gostar do garoto pelo qual todas as meninas babam. Na verdade, nunca foi de gostar de ninguém. Mas aquele menino me chamava atenção. Nunca contei pra ninguém, nem ao menos tinha falado com ele. Então, quatro anos depois, o revi e a mesma empolgação passou por mim. Agora éramos adolescentes, ele tinha seu cabelo maluco e eu tinha minhas roupas chamativas. Os amigos em comum não eram poucos, mas mesmo assim não conseguia iniciar uma conversa. Todos os dias, quando o via no corredor, me convencia de ir lá e falar sobre qualquer coisa. Não me lembro quando, apenas sei que um dia estávamos sentados na porta da escola conversando sobre nossa banda favorita. Seu cheiro era de menta e desodorante. Seu sorriso era sem graça, me fazia ter vontade de encostar meus lábios nos dele ali, na frente de todo mundo. Quem dera, em poucos minutos o sonho foi por água abaixo. Ela parou ali, ao seu lado, segurando sua mão. Ela, a garota sortuda, no lugar que eu queria que fosse o meu. Não sei se era amor, mas eu seria capaz de tudo para ficar perto dele. Seria a amiga, se ele quisesse. Seria a namorada, se ele aceitasse. E sumiria se minha presença não lhe fizesse bem. E foi como tinha que ser, foi a melhor amizade que já tive. Claro que uma hora a verdade escapuliu e eu confessei o amor impossível. O amor que ele correspondeu. Difícil foi me segurar, não ultrapassar a barreira da amizade, não trair a confiança da garota que estava com ele. Mas o impossível foi negar o beijo roubando, quando ele o fez com tanta intensidade. Claro que sempre me senti culpada por ser "a outra", mas quando eu estava com ele tudo isso desaparecia. E eu esperava o momento pelo qual ele me ligaria e diria que agora poderia ser claro, todos poderiam saber que éramos feitos um para o outro. E aconteceu. Era madrugada quando meu celular me acordou. Ele dizia que agora poderíamos ficar juntos, que agora poderíamos nos assumir. Não durou uma semana. Acho que a ideia de ser a garota principal me assustava mais que a ideia de ter sido a outra. Sonhava que talvez o que aconteceu com sua ex pudesse acontecer comigo. E ele não aguentou conviver com uma pessoa assim. O melhor para ele era que eu fosse embora. E assim o fiz. Claro que ainda acho que somos perfeitos um para o outro, mas os caminhos nem sempre andam lado a lado por muito tempo. Hoje ele está com a principal, a garota que não se importa com as outras. A garota que eu jamais conseguiria ser.

3 comentários:

  1. Ai que história linda e ao mesmo tempo triste. Ah se vocês se completam, não precisa ter insegurança. Aposta e arrisca. Às vezes esses receios não deixam a gente ser feliz! hehehe.
    beijocas querida :*

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  2. triste a tua história ;~ mas agora você desistiu de vez dessa história?? na minha opinião não devia..mas claro que você tem que fazer o que acha melhor :)

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  3. Se fosse acontecer..aconteceria...o ruim é que o medo sempre atrapalha...ele é ator coadjuvante em todas as histórias que li...
    bjos e adorei o texto...

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