Segunda-feira

Precisei de mais de um minuto para entender tudo que tinha acontecido. Você estava ali e eu, com os olhos molhados, implorava por algumas explicações. Não muitas, eu dizia, apenas o suficiente para que eu possa ir embora sem me sentir culpada, com a certeza de não ter cometido nenhum erro grave. Mas as explicações não vieram. O ar estava ficando cada vez mais pesado, dificultando minha respiração. Os piores pesadelos passaram por minha cabeça, e não consegui deixar de acreditar em alguns? E se eu não fosse mesmo o certo? E se, talvez, isso tudo tenha sido apenas um joguinho? Uma brincadeira infantil? Então eu fui apenas uma peça ou uma boneca velha? Não é isso que quero pra mim. Não quero abrir os olhos e não poder lembrar de como eu era contigo, de como foi a sensação de segurar sua mão, sentir sua respiração. Por mais tolo que pareça, é do que sentirei falta. Talvez não agora, talvez eu seja tão forte quanto penso que sou. Mas, a longo prazo, tudo que terei serão lembranças, e só isso irá me provar que foi realidade. Seu cheiro, seu toque, tudo irá embora. Eu continuarei aqui. Eu, e não nós. As lágrimas que agora rolavam faziam com que minha cabeça latejasse. Não, eu não estava errada. Eu não poderia aceitar, por mais que fosse o certo. Eu apenas precisava de uma boa dose de música, como se música ajudasse. A primeira nota e o acorde e a melodia e a canção. "Se fosse um outro alguém, tudo bem. Mas como não era ninguém eu não vou aceitar".