Nós

Semana passada você me ligou. Não foi nada demais, conversou comigo por alguns minutos e depois acabou, seguimos a vida. E aí hoje de madrugada, quando "Zombie" tocou no meu celular, eu corri para atender. Não pelo barulho e o medo de que alguém acordasse, mas por estar com tanta vontade da sua voz que seria incapaz de deixar que o momento passasse.
Mês passado você veio aqui. Nada excepcional, assistimos uns filmes e você foi embora. E aí ontem a noite, revirando minhas caixas empoeiradas, encontrei a nota fiscal da locadora e, ao contrário do que pensei que aconteceria, me senti mal.
Ano passado eu nem te conhecia. E aí agora você me conhece tão bem que tentar mentir se torna inútil. Posso até tentar imaginar sua reação: um risinho nervoso e um pedido para que eu lhe dê mais um gole de qualquer coisa. Por que eu te deixo sempre tão a vontade? Por que você não pode ser como qualquer outra pessoa e ficar sem reação na minha frente? Por que não pode me amar?
Hoje eu senti vontade de te ter num abraço. Cheguei a discar seu número antes de sentir a pressão estourando a minha cabeça. Não, eu não liguei. Regras são regras e ligações frequentes são o primeiro passo para um grande estrago.
Hoje eu senti vontade de dizer o quanto estou te amando.