terça-feira, 19 de novembro de 2013

Para você que desconheço



Oi, estranho!

Tudo bem? Desculpa a demora em te escrever. É que desde que eu percebi que eu não tenho mais nada seu em mim, você perdeu o encanto. Claro que ainda dou aquele meu sorrisinho de canto de boca quando alguém menciona o dia que nos reencontramos. Mas já não me faz mais o coração bater mais forte e é óbvio que algum dia a gente vai se reencontrar de novo, mas dessa vez eu acho que não vou esperar tanto. Mas não foi por isso que te escrevi. Sei lá, queria saber da vida, deu saudade. É que te olhei nos olhos e reparei que de fato você já me é estranho, mas ainda gosto de lembrar do pouquinho que sei seu. Do pouquinho que você me mostrou da sua vida.

Você tem tomado seus remédios? Você sabe que sua imunidade baixa precisa de bastante vitamina C. E não se esquece de visitar sua vó de final de semana. Ela fica tão feliz. Ainda mais agora que ela tá tão sozinha. E seus amigos, estão bem? Espero que ninguém tenha se afastado de você, sei como você gosta tanto de ter todos eles por perto.

Sabe, por aqui tá tudo bom. Tá tudo bem. Eu tenho estudado bastante. Trabalhado bastante. Nada demais. Acho que tá dando certo com um cara aí, talvez eu goste um pouco dele. Mas não é isso que eu quero te contar. Na verdade eu vim te perguntar se pra você eu também sou tão estranha. Eu não sei nada da sua vida, nunca pude participar de nada, você nunca me incluiu nas coisas, mas eu sempre fiz um puta esforço para que você entrasse na minha rotina. E a dúvida é: você prestou atenção nela? Você prestou atenção em mim? Você lembra que eu tô morrendo de medo de encarar os próximos dois anos da faculdade? Lembra que tá muito difícil conciliar minha vida social com todo o resto? Cê lembra que minhas gatas estão mais carentes que o normal e lembra que eu tenho um trabalho gigante de fotografia para entregar semestre que vem? Você lembra? Eu acho que não.

Mas no final, estranho, eu acho que tá melhor assim. É, sabe, você pro seu lado, eu pro meu. Porque se já não deu certo uma vez, é melhor não tentar. E se não deu certo antes, não vai dar certo agora e nem depois. E, se não vai dar certo depois, eu não preciso mais criar expectativas. Porque toda vez que eu crio expectativas, eu me decepciono. E toda vez que eu me decepciono, a culpa é inteiramente minha.

Com amor,

Estranha

Um comentário:

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